Major Curió ainda atemoriza testemunhas da Guerrilha do Araguaia, diz Comissão da Verdade

Curió
Sebastião Curió, conhecido como Major Curió, coronel da reserva do Exército Foto: Edinaldo de Sousa/Folhapress

A Comissão Nacional da Verdade realizou uma diligência de reconhecimento na “Casa Azul” em Marabá (PA), nesta segunda-feira (15), e coletou testemunhos que mostram que o coronel reformado Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, foi um dos principais comandantes na violenta repressão à Guerrilha do Araguaia. Relatos da Comissão Estadual da Verdade mostram que a influência de Curió na região persiste até hoje.

As testemunhas confirmaram que o militar da reserva esteve inúmeras vezes na “Casa Azul”, atual sede do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que era usada pelo Exército como prisão ilegal e centro clandestino de tortura a presos políticos durante o regime militar. Segundo as testemunhas, Curió usava o codinome “doutor Luchini”.

Também participaram da visita à “Casa Azul” pesquisadores da Comissão Estadual da Verdade do Pará. Segundo um membro da comissão, Curió ainda hoje exerce forte influência na região e impõe medo às testemunhas da guerrilha.

Paulo Fonteles Filho, membro da comissão estadual, conta que o vendedor Raimundo Cacaúba, que colaborou com o Exército passando informações sobre os guerrilheiros na ditadura, foi assassinado em junho de 2011 um mês após passar a contar o que sabia sobre as graves violações aos direitos humanos cometidas pelos militares. De acordo com a comissão, ele foi morto três dias após Curió deixar a região. Antes de ser assassinado, um outro ex-colaborador do Exército avisou Cacaúba que sua “cabeça estava a prêmio”.