REJEITO DE SERRA PELADA ATRAI INVESTIDORES JAPONESES

O vice-governador do Pará, Zequinha Marinho, reuniu nesta quinta-feira, 16, em Brasília, com os investidores japoneses da área de exploração mineral com ênfase na recuperação ambiental. Akio Miyake, Osamu Sugiyama e Hirosuke Otaki trataram a respeito da exploração do rejeito do garimpo de Serra Pelada e experiências em tecnologias que podem ser aplicadas na recuperação ambiental e recuperação de resíduos sólidos.

Material rejeitado com o fim dos trabalhos da Colossus é objetivo dos japoneses
Material rejeitado com o fim dos trabalhos da Colossus é objetivo dos japoneses

Os japoneses querem explorar o material já rejeitado em Serra Pelada após o fim dos trabalhos da empresa canadense Colossus Minerals Inc., que detinha os direitos da lavra mecanizada no garimpo até abrir falência e encerrar as atividades na área, em 2014. Um contrato com a prefeitura de Curionópolis e licenças ambientais para as atividades já foram concretizados, faltando apenas uma deliberação da COOMIGASP (Cooperativa Mista dos Garimpeiros de Serra Pelada). Uma assembleia dos garimpeiros está marcada para a próxima semana. A Miyabras – Mineração Yamato do Brasil Ltda é a empresa responsável pela exploração dos rejeitos, trabalho que tem previsão para começar dentro de três meses. A licença tem validade de um ano, podendo ser renovada.

A mesma empresa seria responsável pela implantação do que seria chamado Banco Ambiental em Serra Pelada. A ideia, apresentada ao vice-governador, prevê a criação de uma cooperativa de crédito, depois transformada em banco, para financiar a recuperação de áreas degradadas em Serra Pelada, principalmente pelo uso contínuo do mercúrio no processo de limpeza do ouro.

O vice-governador disse que apoia o trabalho da empresa na exploração dos resíduos da mina, pois acredita que isso pode significar a redução de impactos ambientais negativos na região e gerar empregos à população. Zequinha Marinho apenas manifestou preocupação quanto à instabilidade na direção da cooperativa dos garimpeiros, onde presidentes se alternam numa espécie de guerra política. A assembleia dos garimpeiros é soberana em suas decisões, disse o vice-governador. Se ela autorizar a entrada da empresa para o trabalho de exploração dos rejeitos, o governo estadual dará apoio ao projeto.

A transformação de lixo orgânico em energia foi outro ponto da reunião. O cientista japonês Osamu Sugiyama apresentou ao vice-governador um processo de transformação do lixo em energia a partir da utilização do plasma de carbono. O plasma — espécie de gás carregado de eletricidade considerado o quarto estado da matéria, que compõe as estrelas — é usado para degradar materiais que resistem a uma primeira etapa de gaseificação. Queimado depois com tochas a uma temperatura que chega aos 9.000 ºC, o lixo se transforma em biogás, podendo ser filtrado e novamente queimado, gerando energia elétrica.

O vice-governador aprovou a ideia e pediu que os japoneses elaborem um projeto piloto que possa ser testado em pequenas comunidades para verificar sua eficácia.

Pascoal Gemaque
Secretaria de Estado de Comunicação