Aluno deficiente visual recebe prêmio por trabalho apresentado durante seminário da UFRA

Uma alternativa de ensino prático de Administração que utiliza o tato no lugar da visão: seguindo este princípio, o aluno do curso de Administração do Campus de Parauapebas, Thiago Ferreira da Silva, que é deficiente visual, e o Professor João Paulo Borges de Loureiro desenvolveram um método inclusivo para ensino da disciplina Administração de Materiais. O trabalho recebeu o primeiro lugar na categoria Ensino durante a premiação dos melhores trabalhos avaliados durante o I Seminário de Integração e o XV Seminário Anual do PIBIC da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). A premiação ocorreu no encerramento do evento, na última sexta-feira, 8.

O Professor João Paulo Loureiro explica que a ideia surgiu a partir da necessidade de criação de alternativas aos conteúdos práticos das disciplinas, uma vez que Thiago é o único aluno com deficiência visual do curso. “Muitas vezes, para transmitir esses conteúdos, precisamos do sentido da visão. Comecei a trabalhar com ele ano passado e, desde então, procuro encontrar formas de trabalhar os aspectos práticos da administração de empresas, que muitas vezes são ensinados pelo computador, através de alternativas que usam principalmente o tato”, explica.

Intitulado “Método para ensino de Administração de Materiais para alunos com deficiência visual”, o projeto consiste em um método para transmissão de conhecimentos de layout de estocagem e giro de estoque, conteúdos que são trabalhados na disciplina da Administração de Materiais. “Usamos mecanismos simples e de baixo custo para simular o ambiente de um armazém. Usamos uma caixa de papelão, quatro caixas menores com tamanho e formato diferentes e três tipos de tampinhas de garrafas pet com altura e diâmetro diferentes, totalizando sete produtos distintos que o aluno poderia reconhecer por meio do tato e, posteriormente, fazer sua reorganização baseado nas instruções de giro de estoque dadas por mim”, descreve o orientador.

O professor explica que, com isso, foi possível ensinar ao aluno, que possui cegueira total, a noção de aproveitamento de espaço com base nas formas geométricas de embalagens e noções de arrumação com base na frequência de saída dos produtos.

Thiago do 5º período de Adm

Thiago, que atualmente cursa o 5º período, destaca os esforços da Universidade em promover a inclusão de alunos com deficiência. “Desde que eu entrei na Ufra, venho sendo assistido pelo corpo docente, que não mediu esforços para garantir a minha participação dentro das atividades do curso de Administração”, afirma o estudante.

Para ele, o prêmio recebido evidencia o quanto a Ufra é uma instituição inclusiva. “Fiquei muito feliz pelo reconhecimento e por ter ganhado o prêmio, mas para mim o mais importante foi presenciar a efetividade da inclusão dentro da Universidade. Hoje, o meu propósito não é apenas concluir o curso de Administração e, sim, deixar um legado, deixar uma Universidade mais adaptada e inclusiva para os próximos alunos com algum tipo de deficiência que vierem a ingressar na Ufra”, declara Thiago Ferreira da Silva. O trabalho dele foi um dos mais de 140 projetos avaliados no Campus de Parauapebas, durante o seminário.

Texto: Jussara Kishi – Ascom Ufra
Fotos:Coordenação do Curso de Administração/Parauapebas