Dois estudantes da rede estadual de ensino do Pará foram selecionados, nesta quarta-feira (30), para representar o Pará no programa Jovens Embaixadores. Otavio Nascimento, de Altamira, e Beatriz Honorato, da Ilha de Cotijuba, farão um intercâmbio nos Estados Unidos da América (EUA). A iniciativa selecionou alunos do ensino médio da rede pública brasileira, de 15 a 18 anos, que estão atualmente engajados com questões ambientais.
“O estado do Pará tem um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas, na preservação do meio ambiente e da floresta. Ano que vem será um ano chave, quando Belém e a Amazônia sediarão pela primeira vez o maior evento sobre mudanças climáticas do mundo, a COP 30. Saber que nossos estudantes Otavio e Beatriz conquistaram essa oportunidade a partir de projetos ambientais, com auxílio da Educação Ambiental nas nossas escolas, é maravilhoso. Esse é só um começo de uma geração de estudantes, das nossas crianças aos nossos jovens, que crescerão com educação ambiental nas escolas, que transformarão o Brasil e o mundo com suas visões e protagonismo. Esse é um dia de muita felicidade para a educação paraense”, disse Rossieli Soares, secretário de Estado de Educação do Pará.
Natural de Altamira, Otavio Nascimento, estudante da Escola Estadual Professora Ducilla Almeida do Nascimento, no município de Altamira, ficou sabendo do programa “Jovens Embaixadores” por meio da professora de Inglês, Cleide Oliveira, que apresentou e mostrou os requisitos para participar.
“Foi um caminho muito difícil de percorrer, correndo atrás de documentos e de tudo que a gente precisava para participar do programa. Quando fiquei sabendo que eu tinha sido selecionado, meu Deus, eu pulei de alegria, a gente riu, a gente chorou, eu lembro de correr para abraçar a minha avó, choramos juntos, quando meu avô chegou de noite, foi mais um choro. Nossa, foi maravilhoso, incrível, foi um sentimento de gratidão e de esperança por saber que os sonhos podem ser realizados se a gente acreditar e confiar. Representar o nosso estado lá fora e poder levar a nossa cultura, levar o açaí e levar o nosso famoso tacacá para que eles possam experimentar e saber mais da gente vai ser um momento incrível e muito significativo”, conta o estudante.
Otávio inscreveu o projeto “EcoTech: Inovando na Preservação: envolver a comunidade escolar na proteção ambiental, utilizando tecnologia, educação prática e inovação”, que buscou solucionar a falta de conscientização ambiental e a ausência de práticas sustentáveis no interior do Pará, onde a degradação ambiental e o desinteresse pela preservação afetam negativamente a qualidade de vida local.
“Esse ano, o tema proposto pelo programa foi sobre um projeto socioambiental. Então foi uma coisa que o Governo do Estado já tinha colocado nas escolas, sobre a Educação Ambiental. E isso ajudou demais, conseguimos ter uma visão gigantesca. As principais ações do projeto incluíram o uso de drones para mapeamento e monitoramento de áreas de reflorestamento e preservação, permitindo acompanhamento constante das ações”, ressalta Otavio Nascimento.
Beatriz Honorato é estudante da Escola Estadual Professora Marta da Conceição, na Ilha de Cotijuba, em Belém, cursa a 3ª série do ensino médio. As etapas que antecedem a seleção do programa, conforme explicou a estudante, foi um desafio muito grande. “Participar das etapas foi um desafio. Muitas vezes eu ficava nervosa e com medo de não dar certo, porque fazer um intercâmbio sempre foi o meu sonho e eu não poderia perder essa grande oportunidade e estou completamente honrada por poder representar a nossa cultura que é maravilhosa e tão rica, e ser a representante da cidade que vai sediar a COP 30, isso é uma grande responsabilidade que eu estou super feliz de ter”, disse a aluna.
A iniciativa de impacto socioambiental submetida pela estudante ao programa foi “Conscientizar a comunidade local e os visitantes sobre os impactos do lixo, especialmente os plásticos, que se fragmentam em pequenas partículas e são difíceis de remover”.
“Eu sempre participei de vários projetos relacionados ao meio ambiente por estar inserida na realidade ribeirinha, e o projeto que eu candidatei é sobre a ameaça invisível: micro lixo nas praias de Cotijuba. A gente busca educar e alertar a comunidade sobre as consequências do descarte incorreto do lixo, pois muitas pessoas jogam nos rios e os peixes acabam comendo o plástico, tendo grandes chances de chegar na nossa alimentação, pelo fato de a cultura da pesca ser bastante comum nessas localidades”, completa Beatriz Honorato.
Educação Ambiental – A Seduc oferece, desde o primeiro bimestre de 2024, o componente curricular de Educação Ambiental em todas as etapas de ensino, de forma obrigatória nas escolas estaduais, podendo ser aderido nas municipais, alicerçada na Política de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima. Isso torna o Pará pioneiro na garantia de um componente curricular obrigatório de Educação Ambiental, que incentiva o engajamento de estudantes nas discussões sobre agenda ambiental e climática, sendo fundamental para o atual contexto do Estado do Pará, que sediará no próximo ano a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30).
Sobre o intercâmbio – O Programa Jovens Embaixadores é uma iniciativa do Departamento de Estado norte-americano que, no Brasil, é coordenado pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos da América, com a parceria de todas as secretarias estaduais de Educação do país, do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e outras instituições. O tema destaque foi “30 pela COP 30!”.
Nesta edição, o programa, que vai acontecer entre 7 e 25 de janeiro. Esses jovens, vindos de todas as regiões do país, participarão de uma orientação pré-partida em Brasília. Após uma breve visita a Washington, D.C., os participantes serão divididos em grupos e seguirão para uma das seguintes cidades como parte da programação: Pensacola, Flórida; Tulsa, Oklahoma; e Cleveland, Ohio.
A programação inclui oficinas de liderança e empreendedorismo, projetos de impacto socioambiental, encontros com representantes do governo, visitas a escolas locais e apresentações sobre o Brasil e suas regiões. Nas cidades anfitriãs, cada estudante será recebido por uma família voluntária, proporcionando uma imersão cultural e uma oportunidade única de conhecer o cotidiano dos norte-americanos.