Há mais de 20 anos, o desfile de 7 de Setembro em Parauapebas conta com a participação especial de um grupo de jovens que, ansiosamente, contam os meses para chegar a data cívica, quando o bairro Cidade Nova vira palco do desfile das escolas, Polícia Militar, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros. Desfile que depende de ritmo, de cadência.
E é aí que entra o grupo de jovens. Eles fazem parte da Fanfarra Municipal Faruk Salmen, que há mais de um mês vem entrando no ritmo para fazer bonito na homenagem à pátria Brasil. Os ensaios começaram em 3 de julho sob a batuta do instrutor Edmilson Barroso, há mais de 15 anos na função, e sob a coordenação de Alex Teles. Os instrumentos são todos de percussão: caixas, surdinhos, pratos e fuzileiros – antigamente chamados de bumbos – entram no compasso dado por 40 rapazes e 20 moças, com idade entre 15 e 29 anos.
Ainda tem o pessoal do suporte. Assim, uma equipe de 80 pessoas trabalha, dando o melhor de si, para o desfile. Neste ano, são pelo menos duas as novidades: à frente da fanfarra, um corpo coreográfico com 12 integrantes dará um colorido a mais para a banda, fazendo evoluções com o mastro e bandeiras; e os instrumentistas irão exibir um novo uniforme, bem mais bonito e elegante. Já estava em tempo.
“Há mais de quatro anos que eles vinham se apresentando com o mesmo uniforme. A ideia agora é que todo ano a fanfarra se apresente com uniforme novo”, adianta Rafael Ribeiro, titular da Coordenadoria Municipal da Juventude (CMJ), que desde abril deste ano vem cuidando dos preparativos da fanfarra ao lado da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Há uma terceira novidade, que pode até parecer insignificante. Mas não é. Nada de apenas um mês de ensaio. Dois meses dão mais segurança para quem busca a perfeição para se apresentar. “Nem orçamento nós tivemos para a fanfarra deste ano, mas fizemos uma força-tarefa para realizar a melhor fanfarra de todos os anos”, anima-se Rafael Ribeiro.
Os ensaios são de segunda-feira a sábado, a partir das 20h30, com concentração na CMJ. De lá, a fanfarra segue ou para o estacionamento da Câmara de Vereadores ou para o centro da cidade, sempre chamando atenção de todo mundo em seu trajeto. Para os ensaios, que se prolongam por mais de duas horas, a Prefeitura de Parauapebas disponibilizou um ônibus, para pegar e deixar os jovens em casa, com total segurança.
ALEGRIA E INTERAÇÃO
A falta de opção de lazer em Parauapebas está entre os motivos do interesse de jovens em tocar na fanfarra. Mas esta parece ser a menor das razões. Conhecer novos amigos, estreitar laços de amizade, melhorar a disciplina e criar responsabilidade são as respostas que mais se ouve dos jovens quando perguntados sobre o porquê de integrar a banda. “Eu me sinto bem. Estou fazendo o que eu gosto”, afirma Wellison Santana, 17 anos, estudante da Escola Municipal Faruk Salmen.
“A interação aqui é grande. Fazemos novas amizades porque reúne gente de todos os bairros”, diz Eri Conceição Silva, 23 anos, dos quais sete tocando fuzileiro. “Todo mundo aqui é irmão, é família. A gente vai ficando velho, vai entrando gente nova. A gente passa pela fanfarra, mas a amizade fica”, complementa ele.
E é tão bom conhecer novos amigos que tem gente que lamenta quando é obrigado a sair da banda. “Tem aluno que precisa trabalhar e não tem mais tempo para a fanfarra. Aí eles ficam chorosos, querendo bater no instrumento”, conta o instrutor Edmilson Barroso.
Mas será que a fanfarra também não é justificativa para arranjar um namorado ou namorada? O sonoro “não” sai de Andreia Padilha, 18 anos, aluna da Escola Estadual Faruk Salmen e tocadora de pratos. “É legal (participar). Ajuda a melhorar o nosso comportamento, ajuda a gente a respeitar as diferenças”, reconhece a jovem.
Salmiane Vasconcelos, 27 anos, está há dois na fanfarra. E também assegura: “Eu sinto que tenho aprendizagem. Cada ano tem coreografia nova, vamos aprendendo novos toques. Sinto prazer em tocar. É bonito no desfile”. Bonito, sim, mas a fanfarra ainda não chegou ao ponto que deseja a coordenadoria.
Isso porque, explica Edmilson Barroso, a fanfarra é limitada a fazer um desfile cívico, responsável apenas por abrir e fechar as apresentações no dia 7 de Setembro. “Não é uma banda ‘show’, com atrativos como alas, balizas. Não temos, agora, como crescer a esse nível, mas já estamos dando os passos para chegar lá”, diz o instrutor.
PLANOS PARA 2018
Um dos passos para tornar a fanfarra mais atrativa, como sonha a coordenadoria, poderá ser dado em 2018, com a introdução de instrumentos de sopro na banda, tornando-a marcial. Rafael Ribeiro diz que também faz parte dos planos criar uma segunda fanfarra, formada por instrumentos recicláveis.
Enquanto isso não acontece os jovens confessam já estar felizes com as novidades deste ano e com o fato de que, pela primeira vez, foram convidados para uma viagem intermunicipal: tocar em Breu Branco. E se depender do ânimo e da disposição deles muitas outras viagens ainda virão.
Texto: Hanny Amoras
Fotos: Piedade Ferreira