Criados para servir de retaguarda ao sistema público de saúde no enfrentamento ao novo coronavírus, os hospitais de campanha em funcionamento já proporcionaram a recuperação de 744 pacientes em quatro regiões do Estado, até esta terça-feira (26). As quatro unidades, instaladas em Belém, Marabá, Santarém e Breves, são resultado de investimentos de recursos do Tesouro Estadual para a criação de 720 novas vagas, dentre leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao todo, 1.555 pessoas já foram atendidas nessas estruturas.
A jovem Natalia Nogueira precisou se separar da filha recém-nascida para ser internada no hospital da capital paraense – entregue no dia 10 de abril, com 420 leitos, dos quais 329 clínicos e 91 de UTI. Ela chegou a precisar desses leitos intensivos por duas vezes, e em uma das situações, teve de ser ressuscitada. A volta para o carinho dos familiares e, principalmente, da bebê foi possível na última sexta (22). A agora ex-paciente é uma das 1.161 pessoas atendidas no Hangar, e também uma das 551 que tiveram alta médica.
“Eu me protegi, não saía de casa e nem meu marido, porque a gente sabia que eu era grupo de risco por ter acabado de ter minha filha, mas não adiantou e acabei adoecendo. Tinha dia que eu não podia comer ou beber água, de tão enfraquecida, mas os médicos, os enfermeiros, cuidaram muito bem de mim. Sentia muita falta da bebê. Ter que superar tudo isso foi muito difícil”, relembra.
Marabá – Até o mais recente boletim (de segunda-feira, 25), o hospital de campanha de Marabá, no sudeste paraense, também entregue em abril, registrava 182 atendimentos e 70 pacientes já recuperados e em casa. O espaço conta com 120 leitos distribuídos em uma área de quatro mil metros quadrados. Desse quantitativo, 30 são de UTI e 90 são clínicos, destinados a pacientes de 39 municípios, incluindo também os do sul do Pará, uma população estimada em 1,5 milhão de pessoas.
Santarém – São quatro dias – dois em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e dois no hospital de campanha de Santarém, entre 24 e 28 de abril – que o aposentado Nonato Lira, 61 anos, não consegue esquecer. Hoje recuperado, ele comemora também a recuperação da esposa e aguarda a melhora do sogro, internado há 22 dias no mesmo hospital.
“Claro que não é das melhores experiências, ninguém gosta de ter que ficar em um hospital, mas o tratamento é muito bom. Eu e minha mulher adoecemos juntos, mas ela ficou bem, ficou em casa. Eu precisei internar porque volta e meia o ar faltava, ficava colocando e tirando o oxigênio, mas não precisei de UTI. Quando melhorei, pude vir terminar o tratamento em casa, com minha família, minha cama, minha comida, aí rápido passou tudo, a sensação foi boa demais!”, conta.
Breves – O hospital de campanha que atende a região oriental do Marajó funciona desde o dia 10 de maio, e já atendeu 42 pessoas, das quais 15 tiveram alta. Um garotinho de apenas 4 anos, com o diagnóstico confirmado para Covid-19, foi um deles. Única criança em atendimento na unidade hospitalar, ele voltou para casa no domingo (24), e segue em isolamento domiciliar.
A mãe da criança, Vanessa Nunes Dias, reconheceu o papel da equipe médica que cuidou do menino. “Quero agradecer a todas as pessoas que ajudaram meu filho”, disse, no dia em que a criança deixou o hospital – montado no ginásio de esportes da cidade de Breves com 60 leitos, dez de tratamento intensivo.
Ampliação – Desde a última sexta-feira, o sistema público de saúde recebeu reforços para a criação de 141 novos leitos de UTI em diferentes regiões do Estado. O incremento é resultado de articulação entre governo estadual e Ministério da Saúde voltada ao enfrentamento da pandemia, que significa o aumento para 520 da quantidade total de vagas para tratamento de casos graves da doença.
O governo do Estado já assinou convênios com prefeituras de três municípios para construção de novos hospitais de campanha, cada um com 60 novos leitos (50 clínicos e dez de UTI), em Altamira, Redenção – reforçando o atendimento aos pacientes dos 15 municípios da região do Araguaia – e em Soure, no Marajó.
Por Carol Menezes (SECOM)