Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá, Paragominas e Oriximiná têm se destacado, fomentando a arrecadação de royalties e dinamizando o mercado de trabalho regional
O Pará se consolidou, por mais um ano, como potência nacional no setor extrativo mineral, com 17,7% de participação na produção nacional de 2023. O estado se mantém como segundo maior produtor de minério, atrás apenas de Minas Gerais. Em 2022, a mineração no Pará gerou, aproximadamente, 330 mil empregos indiretos, evidenciando sua vocação mineral e seu potencial, impulsionado por grandes projetos e investimentos locais. Parauapebas, Canaã dos Carajás, Marabá, Paragominas e Oriximiná têm se destacado, fomentando a arrecadação de royalties e dinamizando o mercado de trabalho regional.
Considerando essa potência econômica, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) lança o “Boletim da Mineração 2024”, com uma abordagem abrangente, que detalha a evolução produtiva e comercial, assim como avalia a geração de emprego e renda do setor.
“As substâncias metálicas, como minério de ferro, alumínio e cobre, são os pilares da produção paraense. O boletim fornece um recurso valioso para o setor público e privado, bem como para formuladores de políticas interessados no futuro promissor do setor no estado. Nossos esforços em divulgar o estudo tem como objetivo apresentar uma análise detalhada do desempenho da mineração paraense no período recente. Desse modo, por meio de dados oficiais, exploramos os principais fatores que influenciam o setor de mineração no estado”, detalha Marcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac).
Produção mineral – Produção mineral é toda a atividade de extração e tratamento de minérios, constituída da soma de minerais metálicos (ferro, cobre alumínio), não metálicos (areia, caulim, sal), energéticos (carvão mineral e radioativos) e gemas e diamantes. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Brasil produziu 1,7 bilhão de toneladas de minérios no ano de 2023. Neste mesmo ano, o estado do Pará produziu 302,9 milhões de toneladas da substância, equivalentes a 17,7% da produção nacional.
O destaque vai para o alumínio (bauxita), que tem o Brasil como quarto maior produtor do mundo e o Pará como maior produtor nacional. É o metal não ferroso mais utilizado pelo homem em utensílios domésticos, equipamentos elétricos, móveis, eletrodomésticos, produtos de higiene, embalagens, no transporte, em cosméticos e produtos farmacêuticos. No contexto da economia mineral brasileira, seis estados registraram produção de alumínio no ano de 2023, sendo que Pará e Minas Gerais concentraram 95,1% de toda a produção do país. O Pará produziu 42,1 milhões de toneladas ou 90,8% da produção nacional. Minas Gerais produziu 2 milhões de toneladas, o que representou 4,4% do alumínio brasileiro.
Já o minério de ferro é a substância mais representativa do Pará dentre todas as substâncias minerais produzidas no estado. Sob a ótica econômica, é o principal insumo de siderúrgicas para a fabricação do aço, base de diversas indústrias, como construção civil, eletrodomésticos e carros. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de minério de ferro. No contexto da economia mineral brasileira, apenas 10 estados apresentaram essa produção. O Pará produziu 174,7 milhões de toneladas, o que correspondeu a 30% de todo o ferro produzido no Brasil. O estado fica atrás apenas de Minas Gerais, que produziu 391,5 milhões de toneladas ou 67,3% do ferro do país. Por outro lado, ao analisar a evolução histórica da produção de ferro nos dois maiores estados brasileiros produtores, no período de 2011 a 2023, verificou-se que o Pará aumentou a sua produção em 45,9%. Assim, em termos absolutos, a produção paraense passou de 0,1 bilhão para 0,2 bilhão de toneladas. Já Minas Gerais manteve a produção em 0,4 bilhão de toneladas.
Por fim, outro destaque é o minério de cobre, um dos mais explorados em todo o mundo por sua forma metálica ter propriedades como alta durabilidade, ductibilidade, maleabilidade e resistência à corrosão a altas temperaturas, além do fato de ser um produto escasso na geologia global. Apenas cinco estados brasileiros apresentaram produção de cobre em 2023. O Pará é o maior produtor, com 57,8 milhões de toneladas produzidas, equivalente a 60,6% do cobre brasileiro. Goiás vem em seguida, com produção de 29,5 milhões de toneladas, correspondente a 31% da produção nacional. Em comparação a 2022, mais destaque ao cobre paraense, que cresceu 14,1%, resultado que gerou maior incremento para o país, que, por sua vez, apresentou aumento de 13% na produção do minério. Em uma análise histórica, de 2011 a 2023, verificou-se que o Pará quadruplicou a produção da substância, passando de 15,2 milhões para 57,8 milhões de toneladas de cobre.
Exportação – No Pará, os produtos minerais correspondem, em média, a 72% da pauta exportadora do estado. Em 2023, 10 estados brasileiros contribuíram com 99,2% das exportações minerais do país. O Pará alcançou o maior valor de exportação, atingindo a cifra de US$ 15,7 bilhões, o que correspondeu a 43,5% do valor total exportado de minérios. O registro marca um crescimento de 5,6% no valor exportado. O ferro ocupa a maior parte dos produtos exportados pelo estado do Pará, representando, em 2023, 82,6% das exportações da indústria extrativa paraense. O cobre foi o segundo produto com maior comercialização externa, com participação estadual de 15%. O terceiro mineral mais representativo foi a bauxita, com participação de 0,9%. Os outros 1,4% foram oriundos dos demais produtos da indústria extrativa.
“Por fim, hoje, o Boletim de Mineração é talvez o estudo mais completo sobre o setor, servindo de base para elaboração de políticas públicas e uma verdadeira bússola para investidores, ainda mais num cenário de pré-COP 30, onde Belém sediará o evento e atrairá a atenção do mundo todo”, avalia Márcio Ponte.
Mercado de trabalho – A análise do mercado de trabalho é fundamental para avaliar a capacidade do setor mineral na geração de emprego e de renda, bem como para dimensionar os níveis de produtividade associados ao segmento. No Pará, foram registradas 78 mil pessoas ocupadas no setor mineral, o que significou um incremento de 50% em relação a 2014 e crescimento de 21,9% em relação a 2022. Aqui, entende-se por população ocupada aquela com 14 anos de idade ou mais, que exerce atividade profissional (formal ou informal, remunerada ou não) durante, pelo menos, uma hora completa, na semana. Portanto, a composição do quadro do mercado de trabalho revela ainda que, em 2023, o setor extrativo participava com 16,3% de todas as pessoas ocupadas no setor industrial do estado do Pará. Em 2022, este percentual era de 14,2%.
Quanto aos empregos formais, no ano de 2022, o Brasil possuía 203 mil empregos formais no setor mineral, o que representou crescimento de 4,2% em relação ao ano de 2012 e de 3,7% frente a 2021. No estado do Pará, houve o registro de 25 mil vínculos formais em 2022, representando incremento de 31,9% em comparação com 2012 e acréscimo de 1,7% sobre o resultado de 2021. Segundo projeções do Ministério das Minas e Energia (MME), para cada um emprego direto efetivado no setor extrativo mineral, 13 empregos indiretos são efetivados ao longo de toda a cadeia produtiva associada ao setor. Dessa forma, é possível concluir que, em 2022, no Pará, 25 mil vínculos registrados foram capazes de gerar, indiretamente, mais de 330 mil empregos na cadeia produtiva. Na esfera estadual, houve incremento de 31,9% de empregos indiretos na comparação entre 2012 e 2022.
A atividade mineral que mais gera vínculos formais no Pará segue sendo a de extração de minério de ferro, com participação de 48,6% do total registrado no mercado de trabalho do setor mineral no ano de 2022. Em seguida, está a extração de minérios de cobre, chumbo, zinco e outros metálicos não ferrosos, com participação de 18,7% no total de empregos formais em 2022. Entre 2021 e 2022, a atividade de extração de calcário e dolomita foi a que apresentou o maior incremento de vínculos, com aumento de 38% no período.
Municípios – Dentre todos os municípios brasileiros, Parauapebas, no Pará, concentrou a maior quantidade de vínculos no setor extrativista mineral, participando com 4,2% do total registrado no ano de 2022, totalizando 8.497 mil empregos. Outros municípios paraenses que despontaram no ranking nacional foram Canaã dos Carajás, com 2,3% de participação e estoque de 4.671 vínculos, e Marabá, com estoque de 3.106 empregos formais em 2022.
Por Manuela Oliveira (FAPESPA)