Jader Barbalho critica decisão da Vale de implantar siderúrgica no Ceará

Jader lembrou que o minério consumido na nova siderúrgica cearense é aquele produzido aqui, e o Estado fica com o prejuízo (Foto: Agência Senado)

O senador Jader Barbalho fez ontem, por meio de ofício endereçado à presidente Dilma Rousseff e de pronunciamento da tribuna do Senado Federal, um protesto duríssimo contra a implantação, pela Vale em sociedade com investidores sul-coreanos, da Siderúrgica de Pecém, no Estado do Ceará. Citando informações que circulam no mercado, o senador destacou que a obra joga uma última e definitiva pá de cal sobre o sonho paraense de ver implantada em Marabá a Siderúrgica Aços Laminados do Pará (Alpa).

No ofício, do qual foram encaminhadas cópias também para os Ministérios de Minas e Energia e do Planejamento, bem como para a presidência da Vale S.A., Jader Barbalho fez referência à recente contratação de um empréstimo de dois bilhões de dólares, pela Vale, junto ao Export-Import Bank da Coreia do Sul. Esse dinheiro, pelo que tem sido noticiado – sem qualquer reparo por parte da mineradora –, será usado para integralizar o investimento de US$ 5 bilhões na implantação da Siderúrgica de Pecém.

Jader disse receber esse tipo de notícia com “perplexidade, indignação e revolta”. Observou que todos os Estados brasileiros, e o Ceará não seria exceção, precisam ter asseguradas condições mínimas de desenvolvimento. “O que me causa desencanto é constatar, mais uma vez, o tratamento desigual e injusto dispensado ao Pará em decisões que afetam sim, e profundamente, os seus interesses”, completou.

O senador lembrou que, no início de agosto de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Vale (na época), Roger Agnelli, anunciaram festivamente, em ato realizado na cidade de Barcarena, o projeto de construção da Alpa – Aços Laminados do Pará. O empreendimento, conforme foi anunciado na ocasião, mobilizaria investimentos de US$ 3,3 bilhões na fase inicial de um pacote que poderia chegar a US 20 bilhões. A indústria, localizada no município de Marabá, deveria produzir por ano 2,5 milhões de toneladas de placas de aço e gerar, na fase de operação, 3.500 empregos diretos e outros 14 mil indiretos.

Depois disso, em diversas ocasiões, conforme frisou, tanto o ex-presidente Lula quanto a hoje presidente Dilma Roussef tiveram a oportunidade de reafirmar o compromisso do governo com a implantação da Alpa, em atos públicos dos quais participava também a ex-governadora Ana Júlia Carepa.

O desencanto começou a se materializar, segundo Jader Barbalho, em 2012, quando a Vale admitiu finalmente a suspensão do projeto, do qual restou tão-somente um terreno baldio na cidade de Marabá. A mesma coisa aconteceu com o derrocamento do Pedral do Lourenço, obra que viabilizaria a Hidrovia do Tocantins e com isso daria a condição mínima necessária, em termos logísticos, para a implantação da siderúrgica. O projeto foi licitado três vezes e em todas elas teve cancelado o processo licitatório.

Para o povo paraense, conforme enfatizou o senador Jader Barbalho, não há explicação possível – e muito menos aceitável – quanto a uma decisão que leva para um Estado do Nordeste, onde não se produz um quilo sequer de minério de ferro, aquela que será uma das maiores siderúrgicas do Brasil. “Siderúrgica que vai consumir o minério de ferro extraído de Carajás, no Pará, de onde sairá também, tenho certeza, parte da energia que vai alimentar a planta industrial fincada em território cearense”, acrescentou.

“Pará não aceita ser objeto de esbulho e espoliação”.

Pedidos de informações foram ignorados.

Fonte: Diário do Pará – Com alterações