Soluções ecológicas no combate às pragas e doenças em plantas

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Alface, couve, tomate, pimentão. Estes são ingredientes de uma salada presente na mesa de muitos paraenses. E que tal cultivar esses alimentos sem se preocupar com pragas e ainda assim, mantê-los livres de agrotóxicos? É o que vem fazendo a SPCDM (Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Ambiental) no projeto da mina de ouro, platina e paládio, em Serra Pelada. No CCA (Centro de Controle Ambiental) da empresa, verduras, legumes e mudas frutíferas são cultivados com a ajuda de defensivos naturais que não são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. A ideia é minimizar o uso de agrotóxicos e diminuir os impactos ambientais causados pelo uso dessas substâncias no combate às pragas e doenças.

Os defensivos naturais têm como característica principal a baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza. Eles são eficientes no combate de microrganismos nocivos reestabelecendo o equilíbrio do ambiente. “O produto é eficiente na eliminação da praga que prejudica a planta de interesse, mas o importante é que ainda se consegue manter todas as fontes de alimentação necessárias para a fauna local. Ele acaba com o parasita sem atacar o ecossistema em volta da planta infectada”, explica Marcos do Vale, técnico agrícola da SPCDM. “Aqui no viveiro de mudas e na horta ecológica combatemos até a cochonilha com o produto natural, a praga é uma das mais comuns e prejudiciais de plantas ornamentais”, acrescenta.

De grande disponibilidade e baixo custo, os defensivos podem ser fabricados a partir de produtos amplamente comercializados nos mercados, o que facilita o acesso pelos agricultores familiares e donas de casa. “Algumas receitas são produzidas a partir de ingredientes caseiros e o produto final pode ser aplicado tanto em hortaliças como em plantas ornamentais e frutíferas”, afirma o técnico agrícola.

A aplicação desses produtos naturais é indicada tanto para cultivos caseiros quanto para sistemas de produção ecológico, como é o caso da SPCDM. “Aqui desenvolvemos o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, o chamado PRAD. Com ele, já reflorestamos mais de 45 hectares de áreas degradadas, para isso mantemos um viveiro que já chegou a ter 200 mil mudas, todas protegidas, quando necessário, com defensivos naturais”, pontua Marcos.

Marcos explica que o resultado de todo esse cuidado são frutas e hortaliças sem nenhum resíduo químico, portanto, mais saudáveis para o consumidor final. “As frutas, legumes e verduras, tratadas com defensivos naturais, podem ser consumidas sem nenhuma preocupação com contaminação tóxica”, afirma. Quanto à eficiência, o técnico ressalta que os resultados são satisfatórios. “Percebemos que as plantas são infectadas cada vez menos, principalmente por pragas de difícil controle como, por exemplo, o pulgão, a mosca branca e percevejos”, finaliza.

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Confira a receita de um defensivo natural utilizado no combate a muitas pragas, entre elas a cochonilha.

Ingredientes:

100g de fumo de rolo

5 litros de álcool

5 litros de água.

20 pimentas malaguetas

10 dentes de alho

Modo de preparo e uso:

Pique o fumo, a pimenta e o alho. Adicione a água e o álcool. Tampe a mistura e deixe descansar por 24 horas. O resultado será uma calda para utilização na proporção: 1 litro de calda para 10 litros de água. Antes de aplicar, acrescente um pouco de sabão em barra derretido ou sabão líquido para dar mais aderência à calda. Pulverize a mistura sobre toda a planta.

O técnico aconselha a repetir a aplicação três vezes em intervalos de 15 dias. Se com o tempo a praga voltar a atacar, deve-se repetir o ciclo de aplicações.